terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A VOX RATIO NAUFRAGADA PELA ONDA FANÁTICA DE 30

A VOX RATIO NEUFRAGADA PELA ONDA FANÁTICA DE 1930


Imediatamente ao fim trágico que ceifou a vida de João Pessoa, os atores políticos da Capital se apressaram em criar um cenário que tinha basicamente duas posições estratégicas: a primeira e fundamental ação, era envidar todos os esforços disponíveis para mudança de foco sobre a causa da morte de Joca. E isso era algo relativamente fácil já que as notícias não se processavam em tempo real como nos dias de hoje. Logo, transformar um fato particular em crime político se processou a partir do que fora divulgado quanto a cena do crime no Recife. Lá os jornais davam uma versão dispare dos jornais daqui. A segunda posição (umbilicalmente ligada à primeira) era transformá-lo numa espécie de Cristo sacrificado, um mártir revolucionário de deixar o coitado do Che Guevara num penoso último lugar na história das revoluções.

Desse ponto da história de 1929/30, incitar a massa popular, circunscrita na Capital, foi uma manobra de sucesso. Naquela época, o instinto falocrático se afirmava na disputa de quem discursava melhor, isso em qualquer lugar! Imagine que tinha oradores que não poupavam dicionário com tantas palavras lustrosas carregadas de uma emoção que fazia as velhinhas chorar e em soluços incontidos declararem guerra até ao Papa se isso estivesse em questão.

Mas eis que surge uma voz perdida no meio da multidão. Era a opinião segura e conscienciosa de um escritor. Naquele momento histórico esta voz não causaria nenhuma ranhura frente ao povo insuflado que respondia de acordo com o movimento da batuta de seus criteriosos maestros que se revezavam propalando honrarias ao defunto JP. A não ser que este dito escritor fosse o presidente da Parahyba que havia assumido o Estado quando da viagem de João ao Recife.

Sim, era o ilustríssimo sr. Álvares de Carvalho que na justificativa de veto ao projeto de número 6 que criava a bandeira NEGO soube discernir com justeza, o verdadeiro intento daqueles que queriam a todo custo imprimir na consciência paraibana uma bandeira produzida pelo partido, cujo layout tinha um plano de fundo inaceitável pelo conteúdo mórbido e sombrio que transmitia.

Não sabemos que preço o corajoso Álvares teve que pagar por ir de encontro a multidão hipnotizada com os assomos discursivos dos tagarelas seguidores de Joca. Tudo que sabemos é que o veto foi derrubado pelos situacionistas e aprovado o projeto da bandeira rubro-negra.

Mas fica o registro de um ato da livre consciência de um homem que viveu a história do seu tempo de forma idônea, e que, pelo sua postura, demonstrando que a causa além de se restringir a Capital não refletia a opinião de todos os paraibanos, portanto, ilegítima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário