terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A FÚRIA PESSOISTA: SUGESTÃO HIPNOTICA COLETIVA?

A FÚRIA PESSOISTA: SUGESTÃO HIPNÓTICA
PSICOLOGO JOÃO NUNES



Folheando a excelente obra de Flávio Maroja intitulada “Parahyba 1930: A Verdade Omitida” (Editora Sal da Terra, 2008) confesso que fiquei estarrecido com o registro das imagens de vandalismo e destruição da propriedade pública e privada pelos adeptos de João Pessoa, os “Pessoistas”. Pensei, que dinâmica social poderia incitá-los dessa forma, ou que motivação irracional poderia atuar no inconsciente coletivo tão eficazmente a ponto de proverem tamanha destruição?

As respostas, embora complexas, têm endereço certo: Willian Sargant. Tive contato com ele através de sua obra “Possessão de Mentes”, 2º Volume da Enciclopédia de Psicologia e Psicanálise (Organizado por Jaime Salomão, 1985) ainda quando dava meus primeiros passos na área de Psicologia na conceituada Universidade Estadual da Paraíba.

Em síntese, Sargant fez uma pesquisa com amplo espectro estudando várias culturas da Ásia, África, América Central, América do Norte e Europa para estudar o funcionamento da mente humana quanto ao grau de sugestionabilidade a que poderiam, em determinada situação, ser expostas e responderem passivamente ao que lhes são sugeridos.

Trocando em miúdos: A possibilidade de manipulação de pessoas que detêm o poder político sobre outras, como no caso de políticos e sacerdotes, não somente é real como pode ir além, atingindo um nível de sugestão coletiva onde uma grande massa torna-se um grande poder agindo como se fosse um, sob o comando (a sugestão) de quem manipula.

A motivação irracional não obedece às leis aristotélicas, não se preocupa com conseqüências do por vir. Pelo contrário, o peso moral da consciência individual quando compartilhada com muitas outras pessoas na mesma situação torna-se nada. Se houve transgressão, e daí? Como situar a culpa num levante coletivo?

Foi assim que os pessoistas depredaram as residências dos perrepistas contrários à João Pessoa, destruíram também a Fábrica Confiança, pertencente à Fernando Costa e seguiram ao sabor da sugestão coletiva.
Pessoas de comportamento pacato e ordeiro, sob a sugestão manipuladora se transformaram em seres sanguinários e impiedosos, armados de cacetes promoveram atos que em sã consciência seriam incapazes de fazê-los. Depois da ação da sugestão suas mentes voltaram outra vez à normalidade, eles estavam prontos para a missa do domingo.

Texto: João B Nunes

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