quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

UMA TRÁGICA HISTÓRIA

UMA TRÁGICA HISTÓRIA



Se eu desaparecer e não nos virmos mais neste mundo de tristezas e dores pungente, pode você assegurar aos nossos adorados filhos, que sou inocente da morte de João Pessoa (...). A todos os nossos parentes e amigos leais, deve você dar conhecimento destas minhas declarações, caso venha a perecer, como é possível, para que nenhum tenha a mais ligeira sombra de dúvida sobre a minha inocência”.

João Suassuna, deputado federal, pai do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, e ex-governador da Paraíba, foi morto com um tiro pelas costas, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro, em represália pela morte de João Pessoa.

Às 8hs da manhã, quando resolvera voltar ao Hotel Belo Horizonte, onde morava, para pegar uma capa, já que ameaçava chover, acompanhado de Caio Gusmão, perceberam que um estranho os seguia. Em determinado momento ouviu-se o estampido seco e traiçoeiro dos disparos (In Maroja, “Parahyba 1930: A Verdade Omitida”, 2008).

Para o Movimento Bandeira Viva, a atual bandeira da Paraíba tem em suas cores exatamente a conotação que lhe confere a história: um rastro de assassinatos imbecis e uma seqüência de destruição bestializante. Parece-nos mais plausível afirmarmos que o “vermelho” que ocupa espaço na bandeira não simboliza o sangue de Joca – apenas –, mas o sangue de pessoas inocentes, ilustres cidadãos paraibanos que tiveram suas vidas brutalmente desarraigadas da terra dos viventes. O preto, em vez de traduzir o “luto eterno” que já é deprimente ostentar, se identifica mais com a vergonha de esconder nos porões sombrios dos anos 30, tantos crimes que permanecem envoltos no obscurantismo. O “Nego”, por fim, deveria representar a insatisfação de todos os paraibanos, deveria ser um protesto pelos agravos cometidos por pseudos-dirigentes do Estado contra seus próprios pares. Esta é a realidade que acreditamos e defendemos.

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