A VIAGEM MISTERIOSA DE JOÃO PESSOA AO RECIFE 1930
Depois de criar e aumentar em 500% os impostos de mercadorias vindas do interior do Estado incluindo as exportadas principalmente de Pernambuco, colocando literalmente uma porteira a cada 20km onde se fiscalizava e cobrava esses altos impostos (alguns deles inconstitucionais), “Joca”, ganhou o título honorífico de “João da Porteira”.
Depois de promover o ataque e incêndio da maioria das casas das cidades de Patos e Teixeira, aonde executou vários rivais políticos, investiu maciçamente contra a cidade de Princesa Isabel, sendo derrotado várias vezes pelos defensores que resistiram em defesa dos familiares e munícipes.
Depois, num gesto desleal, provocou o ódio de seus antigos partidários, aqueles que ajudaram a eleger seu tio Epitácio Pessoa. Não dado por satisfeito, ordenou a demissão sob grave acusação de roubo (até hoje não se sabe de quê, exatamente) dezenas de funcionários públicos alimentando o sentimento de revolta entre um sem número de famílias; o ilustre Presidente JP empreendeu a viagem misteriosa ao Recife.
Até aí “tudo bem” (na visão da historia tradicional).
O que é estranho, beirando mesmo o limiar da loucura é João Pessoa ir ao Recife acompanhado apenas de seu motorista; pior, com a popularidade em “alta” – voltagem – anunciar em jornal de circulação estadual tal empreendimento, transmitir oficialmente o cargo a seu vice, sob pretexto de ir comprar armas para municiar a polícia contra seus irmãos paraibanas do interior. Estranho, não? Em plena guerra contra Patos, Teixeira e Princesa Isabel, Joca resolve ir sem nenhum escolta justamente para onde mais tinha inimigo, o Recife. Ou não sabia ele que vários prejudicados pelo Fürer paraibano, famílias inteiras arruinadas foram morar em Recife? Incluindo seus primos que o odiavam tenazmente, sem esquecer da tradicional família dos Queiroz. Para uma viagem simples e perto, precisava passar o cargo para o vice Álvaro de Carvalho? Foi o que ele fez, deixando a Paraíba para trás com suas mazelas, arrebentada, estropiada. Resta-nos saber: POR QUÊ? Estaria o magnânimo presidente da Parahyba fugindo do caos que provocou? E se, qual o plano de nosso herói?
Noticiar no Jornal União sua viagem não serviria para alertar seus inimigos qual um coelho com a perna quebrada levado ao covil de lobos famintos? Até um menino perceberia o perigo iminente a que o Presidente JP estaria exposto. E quanto ao fato de os jornais recifenses colocarem como manchete principal que João Pessoa estaria em Recife com fins amorosos? Ele, na verdade, tinha um envolvimento amoroso com uma cantora lírica para quem havia comprado ali mesmo no Recife uma jóia de grande valor para oferecer a amada. Antes do atentado contra sua vida, teve tempo para ser fotografado adquirindo a tal jóia. Seria uma conspiração? Alguém querendo vê-lo morto e daí a orientação para baixar as guardas em plena crise política no Estado?
Os amantes das armas e da guerra queria tomar o poder na Paraíba, mas necessitavam de um motivo para apregoar suas miseráveis ideologias antedemocráticas. A morte do Governador seria um motivo extremamente desejável.
A Aliança Liberal tinha perdido as eleições, mas não aceitava o resultado. Na época existia o movimento tenentista que criou vida e força com a morte de JP. A Paraíba não tinha voto suficiente para influenciar o pleito da época, de dar vitória a um ou a outro grupo, mas um defunto veio a se tornar um motivo palpável para acusar Washington Luiz e seu substituto Julio Prestes.
Mas fica ainda a questão: com tantas pessoas querendo colocar as mãos no doce sanguinário paraibano, quem o teria aconselhado a fazer tal viagem? Alguém que teria interesse em sua morte ou fuga? João Pessoa parecia brincar com a própria sorte passeando pelas ruas do Recife como se nada estivesse acontecendo, visitando lojas, comprando jóia, caminhando vagarosamente rumo a confeitaria (que os jornais paraibanos se apressaram em publicar que ia tratar de assuntos político-nacional), mas a elite pensante não se reuniria numa cafeteria? Ou eles disputavam o mesmo espaço junto com os casais românticos da época, estranho.
Sua mente parecia ter como única e imediata preocupação as exigências do ser amado. Não da tormenta que assolava a Parahyba deixada para trás, da guerra ferrenha patrocinada por ele ou do sufoco dos produtores com o desajuste da política fiscal e suas terríveis conseqüências para o comércio.
Será que ele pensava ter sido agraciado por Deus com uma blindagem à prova de bala? Ou será que ele fazia parte de alguma seita que pregava o “dom da invisibilidade”?
Até agora historiadores e estoriadores não conseguem decifrar este terrível mistério. A transmissão do cargo dá o que falar ainda hoje, porém, sem respostas satisfatórias. Será que alguém teria adivinhado que João Pessoa não mais voltaria ao Estado? Estes são fatos misteriosos que há 78 anos ninguém conseguiu responder. E você aí, o que diz? Hein?
Mistériooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo.
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