sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PRINCESA: A VIDA POR UM TRIZ



"Princesa poderá ser massacrada, mas não se há de render".
O clima de insustentabilidade político-administrativa da Parahyba sob o comando de João Pessoa no período de 1928/30 teve forte repercussão nas cidades sertanejas de Princesa Isabel e Teixeira (Será que tem haver com os Dantas daquelas bandas?). Na verdade existia um ranço político por parte de Joca que teve na família Dantas seu principal alvo de retaliações. Situação que veio se agravando acentuadamente, isto associado com os deserviços gorvenamentais que tornavam o comércio da cidade de Princesa oneroso ao extremo.
Até que o teixeirense Odilon Nestor*, professor de Direito Constitucional da Faculdade de Direito do Recife, formulou o decreto enviado aos poderes Executivo e Legislativo Federais cujo teor vê-se a seguir:
Decreto nº 1, de 9 de junho de 1930.
Decreta e proclama provisoriamente a independência do Município de Princesa, separado do Estado da Paraíba, e se estabelece a forma pela qual se rege.
A administração provisória do Território de Princesa, instituído por aclamação popular, decreta e proclama a resolução seguinte:
Art.1º - Fica decretada e proclamada, provisoriamente, a independência do município de Princesa, deixando mesme de fazer parte do Estado da Paraíba, do qual está separado desde 28 de fevereiro do corrente ano.
Art.2º - Passa o Município de Princesa a constituir, com seus limites atuais, um território livre que terá a denominação de Território Livre de Princesa.
Art.3º - O Território de Princesa assim constituído permanece subordinado politicamente ao poder público federal, conforme se acha estabelecido na Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil.
Art.4º - Enquanto pelos meios populares não se fizer a organização legal, será o Território regido pela Administração Provisória do mesmo território.
Cidade de Princesa em 9 de junho de 1930.
José Pereira Lima
José Frazão Medeiros Lima
Manuel Rodrigues Sinhô.
Nesse ínterim, Joca das Porteiras, estava pras bandas do Recife tentando se valer do Pacto Interestadual no qual os Estados pactuados poderiam não apenas autorizar em seus territórios forças de outro estado, como também auxiliar com mais tropas somando aquelas. Era um pacto ante-bandidos ou cangaceiros. JP intentava atacar impiedosamente a cidade de Princesa Isabel pela retarguada, com forças vindas do lado do Estado de Pernambuco. Ele, como um excelente midiático, usou a opinião pública a seu favor ostentando brados de indignação contra o "levante de Princesa", uma insurreição descabida que merecia ter uma resposta dura, rápida e sem clemência. A lógica nos permite concluir que se o Presidente de Pernambuco tivesse autorizado a união de forças interestaduais contra o município paraibano, Princesa já teria sido naquele ano varrido do mapa da Paraíba e do Brasil. É verdade que vários setores importantes ali no Recife se articularam para que isso não acontecesse. E Joca teve que tentar assaltar Princesa com as tropas paraibana mesmo, encontrando uma cidade fortemente armada e pronta para tudo o que o destino determinasse, exceto, retroceder. Os cabras da cidade de Princesa foram tão destemidos que não há um simples relato de que Joca tivesse obtido outra coisa senão muitas baixas de suas tropas. Mexe com quem tá queto!
Texto: João B. Nunes

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